Vai faltar Diesel e Gasolina no País?
Em Maio deste ano, após cerca de 7 anos, a Petrobras
abandonou a Paridade de Preços de Importação, o chamado PPI. Legado de nosso
querido Michel Temer, golpista opressor (brincadeira) e melhor presidente que
tivemos na nossa história recente. Claro que a comparação é desigual, visto o
que tivemos depois. O nosso vampiro favorito tentou aprovar até outras
reformas, que só não foram para frente fruto de alguns trocados e um áudio
tranquilo da família Batista. Lembro que antes dele, a Petrobras era uma pura máquina
de investimentos duvidosos e controle de preços internos. Em dólar, as ações de
uma das maiores petroleiras do mundo quase chegaram à categoria penny stock.
No fim, alguém sempre paga a conta de governos irresponsáveis... Pode ser o
investidor, o consumidor ou até mesmo um funcionário demitido.
O Brasil possui alta dependência de importação de Diesel
e Gasolina, uma das razões do porquê é tão importante o PPI
Fonte: ANP
Responsável por mais de 70% de toda a disponibilidade de
Diesel e Gasolina no país, Petrobras ainda é o player mais importante –
Estimular a competitividade deveria ser tema central no Brasil
Fonte: ANP
Por que é importante o PPI?
É possível notar que a Petrobras domina o mercado de
petróleo e seus derivados no país. Parte da ideia do PPI foi auxiliar à quebrar
parte deste monopólio, e ajudou. Esta dominância ocorre pois a empresa costumava vender
ao preço que quisesse a gasolina e diesel, sem levar em consideração o que
acontecia no mercado externo. Naturalmente isto gera distorções, evitando que o
investidor entre neste mercado. Ao serem igualados com o mercado internacional,
se torna algo mais previsível do que o desejo do governo brasileiro, atraindo novos players.
Pensando exclusivamente na Petrobras, o Brasil é um
importador de combustíveis e ela o principal player. Se o Brasil operar abaixo
dos preços globais e tentar importar, de duas uma, ou não conseguiremos produto
ou a empresa arcará com o prejuízo. Ou seja, o controle de preços não é
sustentável. Alguns podem dizer que estaria certo ela arcar com o prejuízo,
dado que é uma empresa pública e ela deve cumprir o seu “dever social”. Mas
isso é uma loucura. Infelizmente, assim como a democracia é para a política, o
capitalismo não é perfeito, mas é o melhor sistema econômico que temos. Ou
seja, gerar mais lucros, traz benefícios econômicos, que reverberam na
população. No caso da Petrobras, temos ainda o fato do governo receber uma boa
quantia de dividendos, mas ele desaparece toda vez que entra nos cofres
públicos. E qual o problema de ser uma empresa lucrativa? O de sempre, isto não
vende e os efeitos são indiretos à população. É mais bonito brincar de gasolina
barata e de cata-vento em alto mar.
Concordo que é preciso tomar cuidado em aumentar os combustíveis toda vez
que a cotação internacional sobe e derrubar toda vez que cai. Por mais que do
ponto de vista econômico-financeiro eu ache correto, o consumidor não entende
isso e nunca entenderá que isso na verdade é bom para o país. Além disso,
existe o ponto negativo da incerteza. Nunca sabemos quando, nem como será
reajustado e infelizmente o petróleo é um produto volátil. Por isso alguma
alternativa deve ser pensada. Um fundo de estabilização pode ser uma
alternativa. O que deveria ser feito como estratégia ao meu ver, seria uma
suavização, assim como funciona uma média móvel. Para companhia, ela não seria
tão prejudicada, visto que o petróleo sendo um ativo líquido, permite-se
estratégias com opções/derivativos que protejam os resultados em eventuais
picos de preço que não são acompanhados pela suavização. Ou até mesmo uma proteção em bandas.
Cerca de 3 meses se passaram desde o último reajuste – Desde
então estamos abaixo da paridade internacional de preços, mas segundo nosso Ministro
da Economia é um efeito temporário
Fonte: ABICOM
Haddad esses dias disse que não se deve acompanhar
oscilações de curto prazo do petróleo e por isso o preço da Petrobras não
deveria ser elevado. O que ele sabe de petróleo e do balanço de oferta e
demanda da commodity? Nada. Na verdade, nem o preço na bomba ele deve
saber, visto que existem grandes chances de ele não pagar o próprio
combustível. Apesar disto, quando houve a oportunidade de se abaixar os
preços, praticamente como um estelionato populista, não pensaram duas vezes.
Bolsonaro também no pré-eleição, implorou inúmeras vezes para que não subissem
os preços da gasolina. É engraçado que só muda o CPF e eles continuam a brigar
ou com o Banco Central ou com a Petrobras.
Por fim, dizer que vai acabar o diesel e a gasolina, eu acho
muito extremo. Os estoques vão cair nas distribuidoras, até que o governo veja
que não é mais possível segurar os preços ou a própria Petrobras assumirá seu
papel de venda subsidiada (um erro crasso). Faltar diesel é muito pior politicamente,
do que um aumento dos preços. O problema é que deixaram a defasagem chegar
longe demais. Não consigo imaginar uma subida de 20/30%... O capital político
sofre em algo assim. Ou seja, como alguém sempre paga a conta, grandes chances
de novamente serem os acionistas da Petrobras. Única parte que me estranha até
agora, é a ação da empresa não ter sentido nada nestes últimos tempos. Algo de
errado não está certo.
Fontes
Petrobras
- Fatos e Dados - Aprovamos nossa estratégia comercial de diesel e gasolina
Petrobras
domina mercado, mas importações são até 25% da demanda (poder360.com.br)
Petrobras
- Fatos e Dados - Livre mercado e concorrência no setor de combustíveis
Arquivos
Relatórios do PPI - Abicom
Petrobras
mantém fatia de mercado de combustíveis, mesmo vendendo RLAM (epbr.com.br)
Comentários
Postar um comentário