Comunismo x Capitalismo
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Afinal, o comunismo existe? A verdade, por mais que a esquerda radical dica que sim (e que é possível) eu não consigo acreditar. Alguns países tentaram sim implantá-lo, como a China de Mao e a União Soviética de Stalin, mas ao meu ver (e de outros) chegaram apenas no socialismo a duras penas e ao custo de muitas vidas. As comunas agrícolas da China e a confiscação de terras pela URSS só causaram fome e morte, inclusive na Ucrânia (antiga União Soviética) o chamado Holodomor, traduzido como a Grande Fome, onde mais de 3 milhões de pessoas morreram.
O assunto sobre comunismo surge
de tempos em tempos com as crises do capitalismo, afinal a crítica Marxista de
O Capital apontava que o capitalismo se degeneraria em crises cada vez mais
severas e se destruiria com o tempo. Além disso, vemos muitas vezes o termo ser
usado de maneira banalizada, até mesmo como xingamento, assim como o termo
fascista, sendo que a pessoa nem sabe quem foi Mussolini. Como esse blog,
criado por mim, tem por intuito esclarecer alguns pontos da economia, o
comunismo me parece algo bem interessante e seu surgimento foi sim importante
para a história política e econômica do mundo. Sou longe de ser um defensor do
comunismo e não me chamem de esquerdista, mas eu realmente recomendo a leitura
do Manifesto Comunista, que possui pontos interessantes e que seriam muito
aplicados para nosso mundo de hoje.
Manifesto Comunista
A origem do comunismo remete-se
ao Manifesto do Partido Comunista, publicado por Marx e Engels em 1848. Apesar
disto, sua origem não é tão clara e o próprio conceito transita entre o campo
da política e da economia. Seu nascimento tem raízes na exploração da burguesia
sobre o proletariado nas indústrias da época, sejam elas na Inglaterra, Alemanha
ou França, onde os proletários deveriam se unir “como comunistas” e lutar
politicamente contra a exploração capitalista, ou seja, um caráter político. Por
outro lado, o documento defende a supressão da propriedade privada, progressão de impostos e centralização do crédito, ou seja, ligado à assunto econômicos.
Em linhas gerais, o defendido é
que os bens sejam comuns, ou seja, toda a sociedade seja dona de terras e dos
meios produção, e por consequência do Capital, que estariam apenas nas mãos da burguesia. Em um primeiro
momento, a transição seria feito via socialismo, no qual o governo possui papel
central, tomando para ele todo o Capital disponível e em um segundo momento, o
comunismo entraria em prática. Nesta etapa posterior, haveria a coletivização
de todos os meios de produção e da própria produção, e a extinção das classes
sociais e do Estado como vemos hoje, pois a coletividade passaria a se
autorregular. Dito isto tudo, me parece um pouco difícil acreditar que seja
possível algum sistema dessa maneira. Apesar de bonito (e até mesmo parecer
correto todos sermos “iguais”), é muito utópico.
10 medidas apresentadas pelo
Manifesto podem ser vistas abaixo. Segundo Marx e Engels, estas medidas
deveriam ser tomadas por países mais avançados. Uma das críticas de comunistas
é que suas ideias foram apenas aplicadas em países agrários ou pobres, e por
isso não tenha funcionado tão bem. Ou seja, nos EUA funcionaria (haha).
1. Abolição da propriedade em
terra e aplicação de todos os aluguéis de terra para fins públicos.
2. Um imposto de renda pesado
progressivo ou gradual.
3. Abolição de todo direito de
herança.
4. Confisco das propriedades de
todos os emigrantes e rebeldes.
5. Centralização do crédito nas
mãos do Estado, através de um banco nacional com capital do Estado e um
monopólio exclusivo.
6. Centralização dos meios de
comunicação e transporte nas mãos do Estado.
7. Extensão de fábricas e de
instrumentos de produção possuídos pelo Estado; levar o cultivo à terra inculta
e a melhoria do solo em geral de acordo com um plano comum.
8. Responsabilidades iguais para
todo trabalho. Estabelecer exércitos industriais, em especial para a
agricultura.
9. Combinar as indústrias de
agricultura com a de manufatura; abolição gradual das distinções entre cidade e
campo, através de uma distribuição mais igual da população no país.
10. Educação gratuita para todas
as crianças em escolas públicas. Abolição do trabalho infantil em fábricas do
modo atual. Combinação de educação com produção industrial etc.
11. Mulheres em um papel de maior destaque na sociedade (este número 11 incluído por mim, mas presente ao longo do documento).
Em primeiro lugar, as mulheres são tema (algo muito atual também). O Manifesto tem como objetivo trazê-las à uma posição de maior
destaque dentro da sociedade e não apenas para saciar o desejo masculino, e
muito menos a trabalhar por incansáveis horas nas fábricas. De outro lado,
também podemos ver a questão da educação das crianças, filhos dos proletários,
exigindo que exista educação básica para elas. Temos também a questão das
heranças, que hoje discutimos impostos mais pesados sobre grandes fortunas. Alguns
podem dizer que os filhos não merecem nada, afinal não fizeram nada para
conquistar aquilo, mas ao mesmo tempo, são os filhos de quem acumulou o capital...
Discussão eterna. E por fim, a
progressividade dos impostos, que ainda não resolvemos no Brasil, por exemplo. Não
parece que enfrentamos analogamente hoje as mesmas coisas que se falavam no
passado? Sim. Ou seja, é difícil dizer que este texto não valha de nada.
Capitalismo
O comunismo, como política, é a
antítese das sociedades divididas por classes, e como economia, a antítese do
Capitalismo. Este último tem como seu berço as revoluções industriais da Europa
Ocidental, concentrada na acumulação do capital como objetivo. A burguesia que
passa a tomar o controle dos meios de produção, como dissidência do regime
feudal, avança não apenas dentro de seu próprio país, mas também fora, com o
comércio internacional. A livre concorrência é um cerne dentro de todo o
capitalismo, instigando os burgueses a fazerem mais e melhor.
Segundo Max Weber, a origem
sociológica é até anterior às revoluções e tem sua origem na religião. Em seu
livro, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, acha no calvinismo,
o início do capitalismo. Fruto da reforma protestante, os calvinistas abordam o
lucro e o trabalho como algo benéfico e sagrado, como se trabalhar um talento dado seria
uma vocação divina (como ser um carpinteiro por exemplo) e ter sucesso no
trabalho, seria um sinal de salvação religiosa (acho muito interessante isso!).
Ou seja, está ética protestante do trabalho, se traduziria em acúmulo do
capital e por consequência no Capitalismo.
Comunismo ou Capitalismo?
A verdade é, o capitalismo é o
melhor sistema possível? Claro que não, afinal discutimos pontos que estiveram no Manifesto em 1848, mas é o melhor que temos. Todo mundo
gosta de um Iphone, e isso é fruto do capitalismo. O problema principal ao meu
ver, vem da desigualdade, que é uma realidade, e por isso os governos deveriam
atuar em regimes mais progressistas de tributação, educação e oportunidades. Mas,
mesmo o PT, com a ultra bandeira social (que sim teve avanços com eles, mas não
tanto quanto se imagina), só tem interesse em manter seus aristocratas e
burgueses com o maior acúmulo de capital possível.
Já o comunismo, como uma maneira
do incentivo à oposição e direitos mais iguais para todos acho válido. Claro,
desde que com ideias concretas e factíveis, e não com o imposto sindical por
exemplo. Mas toda a ideia econômica por trás é falha... Sem a propriedade
privada, qual o incentivo do ser humano, egoísta por natureza, querer fazer
mais? Zero. Gostaria que um dito comunista, conseguisse me explicar como é
possível um país crescer sem propriedade privada. E por mais que pareça bonito,
a coletivização dos meios de produção não é capaz de melhorar a vida de todos,
vide a URSS e a China do passado. E temos que lembrar, o próprio ser humano, é
o inimigo do comunismo, quem estiver no poder, vai querer mais para si próprio.
E é o que ocorreu, o Estado nunca saiu de cena e apenas criou uma nova burguesia
e aristocracia. Na Rússia, por exemplo, os oligarcas. Ou seja, capitalismo para
mim e comunismo (socialismo) para os outros. Seguimos com o capitalismo, é
melhor.
Fontes
Manifesto do Partido Comunista - Marx e Engels
O Capital - Marx
Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo - Max Weber
Os 500 anos da Reforma Protestante: Weber tinha Razão? | Blog do IBRE (fgv.br)
Redalyc.O Manifesto do Partido Comunista e a Educação, ou como formar o revolucionário
O que é comunismo? - BBC News Brasil
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