Um pouco do setor elétrico no Brasil
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Eletricidade é algo de extrema importância na história e economia. O Brasil, é uma referência e complexidade no tema, sendo um líder de energias renováveis no mundo, com cerca de 90% (hoje) de sua energia atendida pelas fontes solar, eólica ou hídrica. O problema, além da alta dependência de questões climáticas, exige um esforço adicional do Operador Nacional do Sistema (ONS) em acomodar toda essa geração com a demanda, e não é fácil. Além disso, um segundo ponto vem da extensão territorial. A energia de Belo Monte, maior usina no país localizada no Pará, deve transmitir sua energia até o Estado de São Paulo, percorrendo mais de 3.000km. Neste artigo, com um texto mais informativo, trago os principais tópicos e dados do setor elétrico no Brasil, além de sua relação com a economia.
Consumo de Energia Elétrica
O consumo de eletricidade é uma das proxys mais utilizadas para previsão de PIB. Sendo um dado de fácil acesso, com histórico diário e praticamente real time, auxilia nas previsões econômicas. E como foi esse consumo ao longo do tempo? Como a própria frase anterior colocada indica, possui uma relação direta com a economia. E por que isto? Uma economia que cresce, gera mais empregos, mais serviços, mais restaurantes, mais escritórios e até mesmo a elevação da renda, gera a possibilidade da compra de televisão, eletrodomésticos e ar-condicionado. Ou seja, uma economia pujante, terá mais consumo de energia.
Eu costumo dizer que a Dilma foi uma visionária e não é por causa da mandioca. Se ela não tivesse nos enfiado em uma das maiores crises que já vivemos ao redor de 2014, hoje teríamos um problema muito grande de energia elétrica. Poderia faltar energia. Em 2021, que tivemos uma crise hídrica severa, a situação teria sido bem complicada.
O consumo de energia elétrica costuma ter uma tendência de alta ligada ao crescimento demográfico e econômico - Com a crise de 2014 do governo Dilma, fica nítida a redução da taxa de crescimento
Fonte: ONSGeração de Energia Elétrica
De 2006 para cá, muito mudou na composição da matriz de geração. Passamos de uma dependência grande das usinas hidrelétricas, complementada por térmicas, para uma maior diversificação com usinas eólicas e solares. Isto por um lado facilita a vida do operador, trazendo uma maior robustez e segurança ao sistema, mas não é suficiente. Isto porquê, é muito difícil de se coordenar todas as fontes, visto que é complicado prever ao certo o que a eólica ou solar gerará, afinal dependem do clima. E este não é um problema único e exclusivo do Brasil. Regiões dos Estados Unidos vem sofrendo com o mesmo. Além disso, enfrentamos outro problema, a falta de potência na rede. Em linguagem “porca”, uma usina eólica de mesma capacidade, não possui a mesma força que uma usina térmica. Ou utilizando de uma analogia, um carro 1.0 de motor de mesmo tamanho que um 3.0, não sobe uma ladeira com a mesma eficiência (ou talvez nem suba). Ou seja, não caia na falácia de acreditar que tudo será renovável... Não funciona. Precisamos das térmicas para potência e segurança do sistema.
Fonte: ONS
Mercado de Energia e Composição dos Preços
No Brasil, existem dois mercados de energia elétrica, o Cativo e o Livre. O Cativo, ou também conhecido como Ambiente Regulado, é o mercado de nossas casas no qual as distribuidoras compram energia via leilões organizados pelo governo e repassam para nós consumidores finais. Como consequência, compramos energia da Enel (caso de São Paulo) e não temos opção de comprar de outra empresa. Além disso a tarifa de energia é regulada e definida anualmente sob a anuência da Aneel. O preço do Mercado Livre já segue uma outra lógica, é resultado de modelos matemáticos que calculam o preço ótimo da energia elétrica. Este preço, é o menor custo possível que garante o suprimento de energia elétrica de maneira segura, sem que os recursos sejam exauridos de forma acelerada. Pela dependência das hidrelétricas, este preço se torna altamente correlacionado com o regime de chuvas. Quando chove muito, o preço cai, e o contrário, o preço sobe. E isto ocorre, pois na ausência de disponibilidade hídrica, utiliza-se térmicas, que são muito mais caras, e portanto, o preço sobe.
Além disso, o Mercado Livre possui uma maior competitividade, no qual os consumidores possuem a liberdade de consumir energia de quem quiserem. Hoje, os participantes deste mercado são indústrias, supermercados, grandes armazéns, ou o que chamamos de consumidores conectados na Alta Tensão. Já as nossas residências, ainda são obrigadas a consumir de apenas um agente, o concessionário distribuidor. A partir de 2028, existe um projeto de lei que promete mudar isto, garantindo a liberdade de escolha à todos os consumidores de energia elétrica. Funcionará como um plano de internet ou telefone, no qual você fechará energia por um ou dois anos a frente.
Fonte: Mercado Livre de Energia: conheça e migre! (portalsolar.com.br)
Carros Elétricos
Por fim, a febre dos carros elétricos e onda ESG. Com o preceito de serem altamente renováveis, menos emissões etc, os híbridos e elétricos invadiram as concessionárias. Mas eu discordo um pouco sobre esse ponto. Claro, que o carro em si é menos poluente, mas a energia elétrica que supre este carro pode não ser tão renovável. Recentemente, em horários de pico de consumo, tivemos o uso de térmicas caríssimas e inclusive movidas à carvão, ou seja, altamente poluentes. Então eu pergunto, seria o carro elétrico realmente menos poluente? Depende. A conta deve ser feita.
Evolução do número de frota de carros elétricos no Brasil (híbridos inclusos)
Fonte: DENATRAN
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